>
Cartões de Crédito
>
Os Segredos do Pagamento Mínimo: Por Que Evitar?

Os Segredos do Pagamento Mínimo: Por Que Evitar?

20/09/2025 - 16:19
Fabio Henrique
Os Segredos do Pagamento Mínimo: Por Que Evitar?

Em meio à inflação crescente e ao orçamento apertado, muitos consumidores recorrem ao pagamento mínimo mensal do cartão para evitar a inadimplência. No entanto, essa prática pode se tornar uma armadilha financeira.

O que é o pagamento mínimo e como funciona

O pagamento mínimo do cartão de crédito é o valor que o banco exige para que o cliente não seja considerado inadimplente. Geralmente, corresponde a cerca de 15% do total da fatura, mas pode variar conforme a instituição. Ao pagar apenas essa parcela, o restante do saldo é automaticamente transferido para o mês seguinte, acrescido de juros e encargos.

Essa característica transforma o cartão em uma fonte de crédito rotativo, uma modalidade conhecida por possuir taxas de juros extremamente altas no Brasil.

Como os juros compostos corroem seu orçamento

Quando o saldo remanescente é lançado no crédito rotativo, começam a incidir juros sobre juros. Esse efeito, conhecido como “juros compostos”, faz com que a dívida cresça de forma acelerada.

Vamos analisar um exemplo prático para ilustrar esse cenário:

  • Fatura de R$ 1.000, pagamento mínimo de 15% = R$ 150;
  • Saldo em aberto: R$ 850;
  • Juros de 20% ao mês nos próximos 30 dias = R$ 170;
  • Nova dívida: R$ 1.020 antes de novas compras.

Em poucos meses, sem amortizar a principal, o consumidor pode se deparar com uma dívida duas vezes maior que o valor original.

Comparação entre linhas de crédito

Na tabela acima, fica claro que o parcelamento da fatura e o empréstimo consignado oferecem condições bem mais vantajosas.

Principais consequências de pagar apenas o mínimo

  • Dívida crescente e difícil de quitar devido aos juros compostos;
  • Comprometimento do limite do cartão, liberado parcialmente a cada pagamento;
  • Impacto negativo no score de crédito, dificultando futuras operações;
  • Risco de negativação do CPF e bloqueio do cartão em caso de inadimplência prolongada.

Aspectos legais e limites atuais

Desde 2017, regra do Banco Central proíbe o pagamento mínimo em meses consecutivos. No mês seguinte ao uso do mínimo, é preciso quitar o saldo total ou fazer um parcelamento até o vencimento.

O parcelamento solicitado antes do vencimento costuma apresentar juros menores que o rotativo, representando uma alternativa menos onerosa.

Quando o pagamento mínimo pode ser considerado

Apesar dos riscos, em emergências reais — como evitar bloqueio do cartão ou negativação imediata — o pagamento mínimo pode ser uma solução de última instância. O consumidor deve, porém, ter um plano claro para quitar o restante da dívida no mês subsequente.

Estratégias para evitar o ciclo de endividamento

Para não depender do pagamento mínimo, recomenda-se:

  • Manter uma reserva de emergência financeira que cubra ao menos três meses de despesas;
  • Planejar o orçamento mensal e controlar os gastos com cartão;
  • Negociar dívidas em atraso com juros e prazos mais amigáveis;
  • Avaliar o parcelamento antecipado da fatura quando necessário.

Dicas práticas para quem já está endividado

Se a dívida já se transformou em bola de neve, siga estas orientações:

1. Faça um levantamento completo de todas as dívidas e taxas envolvidas.

2. Priorize cartões e empréstimos com maiores taxas de juros.

3. Busque apoio de programas de educação financeira ou consultores especializados.

4. Negocie diretamente com bancos ou participe de feirões de renegociação.

O contexto econômico do brasileiro médio

Em 2025, o salário mínimo é de R$ 1.518, mas o DIEESE estima que seriam necessários R$ 7.100 para suprir as necessidades de uma família de quatro pessoas. Isso evidencia a vulnerabilidade financeira de grande parte da população.

Em um cenário em que os custos aumentam mais rápido que os rendimentos, o uso rotineiro do pagamento mínimo acaba se tornando um recurso frequente, perpetuando o ciclo de endividamento.

Conclusão e próximos passos

Pagar apenas o mínimo do cartão pode parecer uma solução temporária, mas representa um caminho extremamente perigoso a longo prazo rumo a uma dívida quase impossível de quitar. Identificar as causas do desequilíbrio financeiro e adotar medidas de controle é fundamental para retomar a saúde econômica.

Invista em educação financeira, crie uma reserva de emergência e negocie seus débitos. Com disciplina e planejamento, é possível sair do ciclo de crédito caro e retomar o controle do orçamento.

Não espere a dívida virar uma bola de neve: comece hoje mesmo a construir um futuro financeiro mais estável.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique