Em meio à inflação crescente e ao orçamento apertado, muitos consumidores recorrem ao pagamento mínimo mensal do cartão para evitar a inadimplência. No entanto, essa prática pode se tornar uma armadilha financeira.
O pagamento mínimo do cartão de crédito é o valor que o banco exige para que o cliente não seja considerado inadimplente. Geralmente, corresponde a cerca de 15% do total da fatura, mas pode variar conforme a instituição. Ao pagar apenas essa parcela, o restante do saldo é automaticamente transferido para o mês seguinte, acrescido de juros e encargos.
Essa característica transforma o cartão em uma fonte de crédito rotativo, uma modalidade conhecida por possuir taxas de juros extremamente altas no Brasil.
Quando o saldo remanescente é lançado no crédito rotativo, começam a incidir juros sobre juros. Esse efeito, conhecido como “juros compostos”, faz com que a dívida cresça de forma acelerada.
Vamos analisar um exemplo prático para ilustrar esse cenário:
Em poucos meses, sem amortizar a principal, o consumidor pode se deparar com uma dívida duas vezes maior que o valor original.
Na tabela acima, fica claro que o parcelamento da fatura e o empréstimo consignado oferecem condições bem mais vantajosas.
Desde 2017, regra do Banco Central proíbe o pagamento mínimo em meses consecutivos. No mês seguinte ao uso do mínimo, é preciso quitar o saldo total ou fazer um parcelamento até o vencimento.
O parcelamento solicitado antes do vencimento costuma apresentar juros menores que o rotativo, representando uma alternativa menos onerosa.
Apesar dos riscos, em emergências reais — como evitar bloqueio do cartão ou negativação imediata — o pagamento mínimo pode ser uma solução de última instância. O consumidor deve, porém, ter um plano claro para quitar o restante da dívida no mês subsequente.
Para não depender do pagamento mínimo, recomenda-se:
Se a dívida já se transformou em bola de neve, siga estas orientações:
1. Faça um levantamento completo de todas as dívidas e taxas envolvidas.
2. Priorize cartões e empréstimos com maiores taxas de juros.
3. Busque apoio de programas de educação financeira ou consultores especializados.
4. Negocie diretamente com bancos ou participe de feirões de renegociação.
Em 2025, o salário mínimo é de R$ 1.518, mas o DIEESE estima que seriam necessários R$ 7.100 para suprir as necessidades de uma família de quatro pessoas. Isso evidencia a vulnerabilidade financeira de grande parte da população.
Em um cenário em que os custos aumentam mais rápido que os rendimentos, o uso rotineiro do pagamento mínimo acaba se tornando um recurso frequente, perpetuando o ciclo de endividamento.
Pagar apenas o mínimo do cartão pode parecer uma solução temporária, mas representa um caminho extremamente perigoso a longo prazo rumo a uma dívida quase impossível de quitar. Identificar as causas do desequilíbrio financeiro e adotar medidas de controle é fundamental para retomar a saúde econômica.
Invista em educação financeira, crie uma reserva de emergência e negocie seus débitos. Com disciplina e planejamento, é possível sair do ciclo de crédito caro e retomar o controle do orçamento.
Não espere a dívida virar uma bola de neve: comece hoje mesmo a construir um futuro financeiro mais estável.
Referências