Em um cenário de crescente empreendedorismo, entender como o microcrédito se conecta aos cartões de crédito pode definir o sucesso ou o fracasso de milhares de pequenos negócios no Brasil.
O microcrédito consiste em empréstimos de pequeno valor destinados a microempreendedores formais e informais, como MEIs e pequenas empresas. Sua proposta central é oferecer apoio financeiro para atividades produtivas, sem contemplar consumo pessoal.
Geralmente, empresários com receita bruta anual de até R$ 360.000 podem acessar linhas que liberam valores de até R$ 20.000 a R$ 21.000 por operação. Na prática, em 2025 a média por operação no Sul ficou em R$ 8.700.
A agilidade e a simplicidade definem o microcrédito. As regras são estabelecidas pelo BNDES e pela legislação nacional (Lei 13.636/2018 e Resolução CMN 4.854/2020).
Esse modelo orientado ao desenvolvimento produtivo reduz riscos e fortalece a relação entre instituição financeira e empreendedor.
O microcrédito vive um momento de expansão, com 48,5 mil operações contabilizadas somente no primeiro semestre de 2025, somando R$ 422,6 milhões investidos. Desde o início das principais associações até junho de 2025, foram aplicados R$ 6,4 bilhões.
Programas federais como Pronampe e ProCred liberaram R$ 21 bilhões para mais de 340 mil micro e pequenas empresas, mantendo inadimplência abaixo de 1% nessas linhas.
Os beneficiários situam-se na base da pirâmide empreendedora: quem está começando, formalizando-se como pessoa jurídica ou ampliando operações existentes. Comércio e serviços representam mais de 80% dos negócios, sendo que os MEIs correspondem a mais da metade das empresas formalizadas.
Em 2025, o número de operações cresceu 20,97% em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, apenas 13% dos microempreendedores utilizam plataformas online para contratação.
Um estudo do Sebrae/PR indica que cerca de 30% das pequenas empresas encerram suas atividades antes de completarem cinco anos. Esse dado reforça a necessidade de apoio financeiro adequado e contínuo.
Quando o acesso ao microcrédito formal se mostra difícil, muitos recorrem ao cartão de crédito para capital de giro ou compra de insumos. A flexibilidade imediata atrai, mas as taxas superiores a 15% ao mês no rotativo podem comprometer o fluxo de caixa.
O cartão permite parcelar compras de equipamentos e matérias-primas, mas sem orientação financeira, aumenta o risco de endividamento.
Embora ambos sejam fontes de financiamento, suas características definem perfis de uso e riscos diferentes.
Entre janeiro e setembro de 2025 foram abertos 3,87 milhões de pequenos negócios no Brasil, um aumento de 18,7% em relação a 2024, com 77,1% deles na categoria MEI.
O acesso a crédito eficiente e bem orientado torna-se cada vez mais fundamental para garantir a sustentabilidade e evitar a mortalidade precoce dos empreendimentos.
Fintechs e meios digitais ganham espaço, mas a adoção de crédito online ainda é baixa. A ampliação de plataformas intuitivas e seguras pode acelerar essa mudança.
Programas como Pronampe, ProCred e PNMPO seguem como pilares de políticas públicas, oferecendo taxas competitivas, agilidade e suporte direcionado aos empreendedores.
O grande desafio é ampliar o alcance do microcrédito, reduzir a burocracia e fortalecer o acompanhamento, criando alternativas robustas aos cartões de crédito convencionais e impulsionando o crescimento sustentável dos pequenos negócios.
Referências