Em um país marcado por altos índices de endividamento e baixa poupança, preparar as novas gerações para lidar com o dinheiro torna-se urgente.
Educar financeiramente os pequenos é semear autonomia, responsabilidade e visão de futuro.
Para entender por que essa prática é tão necessária, é preciso olhar para o cenário atual: mais de 76 milhões de brasileiros inadimplentes e 78% das famílias endividadas. Enquanto isso, economias emergentes como China e Índia colhem os frutos de ensinar finanças desde cedo.
A realidade nacional revela uma baixa taxa de poupança — menos de 15% do PIB —, associada à carência de educação financeira estrutural nas escolas.
Pesquisa da Febraban mostra que 55% dos brasileiros entendem pouco ou nada sobre finanças pessoais.
Quando o tema não é abordado na infância, muitos adultos se veem despreparados para controlar gastos, planejar sonhos ou reagir a imprevistos.
Os pais podem ser os primeiros educadores financeiros. Embora 85% afirmem ensinar finanças, muitos enfrentam inadimplência e falta de planejamento.
A mesada, aplicada com orientação, vira uma ferramenta de responsabilidade e planejamento, mas apenas 39% das famílias adotam esse hábito.
Entre quem oferece mesada, o valor médio gira em torno de R$ 60 mensais, usado tanto para gastos imediatos quanto para economizar objetivos futuros.
Começar a partir dos três anos ajuda a criança a diferenciar escolhas sem focar em valores monetários.
Atividades simples aproximam o pequeno do conceito de quantidade, prioridade e recompensa.
Essas práticas transformam o aprendizado em diversão, fortalecendo o hábito de planejar o futuro desde cedo.
O ensino deve evoluir conforme a criança cresce, compreendendo desde noções básicas até conceitos mais complexos de investimento.
Educação financeira não acontece de uma vez só. É preciso inserir o tema no cotidiano familiar e escolar de forma constante e progressiva e estruturada.
Os pais podem estabelecer momentos mensais de conversa sobre gastos, economias e metas. Assim, a criança percebe a importância do planejamento para realizar sonhos.
Valorize o diálogo: responda perguntas, incentive a curiosidade e mostre exemplos reais do orçamento familiar.
Propostas no Senado (PL 5.950/2023 e PL 1.510/2025) visam tornar obrigatória a educação financeira em todas as séries, com foco em administração, empreendedorismo e organização social.
Iniciativas como o programa “Aprender Valor”, do Banco Central, oferecem formação gratuita a professores e materiais alinhados à BNCC, beneficiando cerca de 175 mil estudantes em Minas Gerais desde 2022.
Integrar família e escola fortalece o processo de aprendizagem e garante maior aderência aos conceitos trabalhados.
Crianças que aprendem a administrar o dinheiro desde cedo desenvolvem maior confiança para tomar decisões, reduzindo o risco de endividamento na idade adulta.
Essa prática pode transformar o panorama nacional: aumentar a taxa de poupança, diminuir a inadimplência e preparar um futuro mais sustentável para todos.
Ao unir participação ativa da família, ludicidade e ferramentas pedagógicas, garantimos que a próxima geração esteja preparada para lidar com desafios financeiros.
Investir na educação financeira infantil não é apenas ensinar números; é cultivar valores como disciplina, pensamento crítico e autonomia.
Com planejamento, diálogo e criatividade, podemos formar cidadãos capazes de construir um futuro mais próspero, tanto individualmente quanto para toda a sociedade.
Referências